sábado, 22 de março de 2008

Saiba mais sobre o Tibet

Tibet e Nepal -Arte sacra, pintura e meditaçãoCom Susana Uribarri

DADOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

-VINDOS À VIAGEM AO TIBETEFATOS E NÚMEROSPopulaçãoOs números e estatísticas no Tibete são extremamente inexatos pela simples razão de o governo chinês não querer divulgar-los. Os números disponíveis falam de uma população ao redor de 2,6 milhões de habitantes. Além disso, estima-se que pelo menos 100.000 tibetanos vivam no exílio, seja no Nepal ou na Índia.A origem do povo tibetano é um pouco obscura e etnólogos geralmente classificam os tibetanos como pertencendo ao grupo Tibeto – Birmanês.GeografiaA área do Tibete equivale aproximadamente à da Europa Ocidental, possuindo fronteiras com a Índia, Nepal, Sikkin, Butão e Myanmar (antiga Birmânia), além da China. A parte norte, mais da metade da área do Tibete, é um enorme deserto com altitudes médias de 4.000 metros. Ao sul fica a Cordilheira do Himalaia, a maior concentração de altas montanhas do mundo. De acordo com a teoria das placas tectônicas, há 50 milhões da anos atrás a Índia colidiu com a placa continental asiática e o choque deu origem ao Himalaia. Essa colisão ainda está acontecendo e o Himalaia continua crescendo.

Além das montanhas que estão parte no território Nepalês e parte no Tibete, como o Everest (Qomolangma para os tibetanos) e o Cho Oyu, uma das montanhas acima de 8.000 metros, o Xixapagma situa-se completamente no Tibete. Cinco rios importantes têm origem no Tibete: Bramaputra, Sutlej, Hindus, Ganges e Rio Amarelo.LínguaA língua tibetana pertence ao ramo das línguas Tibeto-Birmanesas e embora existam numerosos dialetos, eles são bastante próximos um do outro. O dialeto de Lhasa é considerado língua franca no Tibete. Esse dialeto tem duas formas, a coloquial e a formal. A escrita tibetana foi introduzida pelo Rei Songtsen Gampo, no século VII, na época da introdução do budismo no Tibete, devido à necessidade de se adaptar os textos budistas indianos escritos em Sânscrito. O alfabeto tibetano é derivado do sânscrito e tem 30 consoantes e 4 vogais.ReligiãoBonA religião original do Tibete é chamada Bon. É uma religião animista com grande ênfase na importância de espíritos, que devem ser apaziguados e cultuados com sacrifícios.

Com a introdução do budismo no século VII, iniciou-se uma longa luta pela supremacia religiosa, luta esta que acabou sendo ganha pelo budismo, mas não sem que este recebesse marcada influência do Bon. A prática da consulta de oráculos, por exemplo, seguida até pelos Dalai Lamas, é um dos exemplos de influência Bon. Viajando pelo Tibete você vai notar que em vários pontos da estrada há montes de pedras com bandeiras com inscrições religiosas, chamadas Manis. Aí está outro exemplo desta religião animista.Budismo no Tibete Antes da invasão chinesa, em 1951, existiam milhares de monastérios no Tibete, alguns deles abrigando até 10.000 monges. Ao redor de um terço da população masculina eram monges e tradicionalmente cada família enviava pelo menos um dos filhos para o monastério. Isso não só trazia ganhos espirituais para toda a família, mas também era a única maneira de ascensão social e educação.
O poder temporal e espiritual sempre esteve intimamente relacionado no Tibete. Por séculos, após a introdução do budismo, o poder mudou de monastério para monastério com suas diferentes linhas, Nyingmapa, Kayupa, Sakyapa e Gelukpa. Esta última, também chamada de ´Chapéus Amarelos´, conquistou o poder com Sonan Gyatso, o terceiro Dalai Lama, e manteve-se no poder até a invasão chinesa.

Os Dalai Lamas são considerados reencarnações de Avalokitesvara, o ´Bodisatva da Compaixão´. Você vai encontrar inscrições religiosas com o mantra de Avalokitesvara, Om Mani Padme Hum em todas as partes do Tibete.


Economia

A economia tibetana é basicamente agrícola e os produtos principais são aqueles que crescem em altitude como cevada, trigo e trigo sarraceno. Durante os anos da ´Revolução Cultural´ foi implementado o sistema de comunas no tibete com resultados desatrosos para a economia e fome generalizada. Essa diretriz foi revogada em 1980 e o sistema de produção baseado na pequena propriedade familiar foi novamente adotado.
Apesar de sua extrema riqueza mineral somente agora uma pequena parte está sendo explorada. O maior depósito de lítio está na parte norte do Tibete, com mais da metade dos depósitos mundiais. Também existem depósitos importantes de urânio e plutônio.

Clima
O Himalaia age como uma barreira contra as monções e, por isso, o Tibete recebe uma quantidade muito pequena de chuva. As condições climáticas são extremas, em um mesmo dia pode-se ter temperaturas próximas de zero ao amanhecer e 35 graus ao meio dia. Os invernos são longos e rigorosos e temperaturas de menos 40 graus não são raras.

UM POUCO DA HISTÓRIA

...A introdução do budismoSabe-se que, desde o século II a.C., tribos nômades ocuparam áreas do platô tibetano. Porém, a história escrita do Tibete começa apenas no século VII d.C. na região do Vale de Yarlung, 80 km a sudoeste de Lhasa. Neste local, em 600 d.C., o Rei Namri Songtsen começa a unificação dos clãs tibetanos. Seu filho, Songtsen Gampo, uma das figuras mais importantes da história tibetana, consolidou o império e anexou por um breve período o Nepal. Ele mudou a capital para Lhasa e casou com duas princesas, uma chinesa e uma nepalesa. Contam as lendas que as duas princesas eram budistas e acabaram convencendo o rei a se converter. Esta é a época da introdução do budismo no Tibete.

Para poder ler as escrituras em sânscrito, Songsen Gampo enviou um emissário à Índia e a partir daí foi desenvolvida a escrita tibetana. Songsen Gampo também construiu os primeiros templos budistas, entre eles o que é hoje considerado o mais sagrado de todos, o Jhokang. Nos dois séculos seguintes o império se expandiu de forma intensa chegando a dominar áreas do que são hoje Cashemira, China, Sikkin, Butão, Nepal e Myanmar. Durante essa época, o mestre tântrico indiano Padmasambhava foi trazido da Índia para ensinar budismo e fundou a primeira universidade de budismo no Tibete, o monastério de Samye.Crise e a instituição dos Dalai LamasNo século VIII o império entrou em crise e o poder acabou sendo dividido entre facções rivais. No século XII existiam 3 escolas de budismo no Tibete, a Nyingmapa, fundada por Padmasambhava, a Kagyupa, fundada por Marpa e a Sakyapa, fundada por Drokmi. No começo do século XIII o Tibete se rendeu ao grande líder mongol Genghis Khan. Este apontou um Lama do monastério de Sakya como Vice-Rei do Tibete. Com o colapso do império Mongol na China em 1368 o poder do Sakyapa entrou em declínio. No século XIV uma nova escola de budismo emerge e gradualmente ganha mais influência, os Gelukpa ou ´Chapéus Amarelos´. Em 1578 o rei mongol Altan Khan confere o título de Dalai Lama (Oceano de Sabedoria) a Sonan Gyatso, da linha Gelukpa. O mesmo título foi dado postumamente aos dois antecessores de Sonan Gyatso que ficou conhecido então como o terceiro Dalai Lama. De 1617 a 1682 Lobsang Gyatso, o Grande Quinto Dalai Lama, como ele ficou conhecido, reunificou o Tibete e reabriu o comércio com a China e a Índia.
Durante o seu reino o Potala, o famosos palácio de inverno dos Dalai Lamas foi construído. Após a morte do quinto Dalai Lama mais uma vez o Tibete mergulhou no caos e foi invadido várias vezes por seus vizinhos. Em 1912, o 13° Dalai Lama, Thupten Gyatso, retorna do exílio e reassume o poder no Tibete. Essa data é geralmente considerada como a independência do Tibete, apesar de não ter sido reconhecida na época como tal pelas outras nações. Thapten Gyatso é sucedido em 1940 por Tenzin Gyatso, o 14° e atual Dalai Lama. Os anos entre 1912 a 1950 são uma época de paz e modernização.A invasão chinesa e a fugaEm 1949 o governo comunista de Mao Tse Tung assume o poder na China e, um ano depois, invade o Tibete. O Dalai Lama reúne uma força de 12.000 homens que são facilmente derrotados frente ao enorme poder militar chinês. O Dalai Lama resolve tentar uma negociação e em maio de 1951 é assinado um tratado de ´Liberação Pacífica do Tibete´.

Esse tratado diz que o Tibete continuará sendo governado pelo Dalai Lama mas relações exteriores e defesa ficam sob o controle chinês. A liberdade religiosa é garantida. Em 1954 o Dalai Lama faz uma visita à China onde Mao Tse Tung comenta que ´religião é veneno´. Nos próximos anos gradualmente a verdadeira intenção chinesa aparece, com progressiva restrição à religião e interferência no governo tibetano. A resistência armada tibetana aumenta e encontra brutal resposta chinesa. Em março de 1959 o Dalai Lama, então com 23 anos, resolve fugir do Tibete com sua família rumo à Índia. Ao redor de 20.000 tibetanos tentam seguir o Dalai Lama, muitos morrendo no caminho. Na Índia, o Dalai Lama estabelece o governo no exílio, revoga o tratado de 1951 e pede apoio das Nações Unidas. Os dez anos de ´Revolução Cultural´ (1966-76) atingiram o Tibete mais duramente do que qualquer outra região da China. Monastérios destruídos, monges assassinados, fome generalizada com a substituição do plantio de cevada (grão tibetano) por trigo (comida tipicamente chinesa), esterilização forçada, etc. A lista de horrores é infindável. Com a morte de Mao e as mudanças políticas na China a situação melhorou um pouco, mas o Tibete continua um país ocupado e as violências continuam.´Quando o pássaro de metal voar e os cavalos correrem em rodas, o povo tibetano se espalhará como formigas pelo mundo e o Dharma (ensinamento budista) irá para a terra dos homens vermelhos´.Padmasambhava, VIII d.C.

http://www.latitudes.com.br/index_roteiro.asp?area=10&cod=31

4 comentários:

Igor disse...

Ae professor, valeu pelos textos do blog ae, ajuda bastante a gente a se manter atualizado e tambem ter mais conteudo pra fazer a prova

Igor 3ºA

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Prof!!!

Estou passando aqui pra dizer que o site está muito bom!!
Ótimos os textos, pois nos mantem sempre informados!!

Beijos!!

Fernanda Akemi 3ºA

Unknown disse...

Pr� valeu pelos textos do blog que nos mant�m muito informados.
E parab�ns pelo blog, est� muuuuito bom (=

beeeijão.

J�ssica Mayumi
3�E